OCORRÊNCIA DOS CASOS DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA EM CRIANÇAS NO PERÍODO DE 2011 A 2017 NO ESTADO AMAZONAS, BRASIL |
Fatores como desflorestamento, ocupações desordenadas da periferia das cidades e atividades de extrativismo, estão entre os fatores de risco para adquirir a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), incluindo-se aí uma parcela significativa de crianças. O estudo objetivou descrever os casos de LTA em crianças na faixa etária de 0 a 14 anos, registrados no estado do Amazonas, período 2011 a 2017. Registraram-se 1988 casos, distribuídos entre os 62 municípios do estado, maior número em Manaus, 610 casos (30,68%); seguidos de Rio Preto da Eva, 365 casos (18,36%), Presidente Figueiredo, 266 casos (13,38%); Itacoatiara, 134 casos (6,74%); Lábrea e Boca do Acre com 84 casos (4,22%) cada um; menor número em Boa Vista do Ramos, Fonte Boa e Japurá com 1 caso em cada (0,05%), sem notificação nos municípios de Urucurituba, Uarini, Tonantins, São Paulo de Olivença e Santo Antônio de Içá. Em relação a faixa etária, o maior número ficou na faixa de 10 a 14 anos e menor número em menores de 1 ano. Houve prevalência de casos no inicio e final de cada ano. Na distribuição anual observou-se maior número de casos no ano 2012 com 380 casos (19%) e menor em 2016 com 127 casos (6%). Os dados apresentados demonstram a importância da ocorrência da LTA em crianças. Na distribuição por município observa-se maior número de casos nos municípios que possuem ligação por estradas justificando dessa forma o trânsito humano e ocupações ao longo das vicinais e periferia das cidades, principalmente a área da região metropolitana de Manaus, com duas grandes estradas: AM-010 e BR-174, sendo os municípios de Lábrea e Boca do Acre, ao sul do estado, atravessados pela transamazônica fazendo ponte com o estado de Rondônia. A distribuição dos casos guarda correspondência com o período de maior pluviosidade do estado, respectivamente final e início de cada ano onde ocorre aumento da densidade populacional dos vetores, período que corresponde ao as férias escolares, onde grande parte da população se desloca para as áreas rurais. A predominância de casos na faixa etária de 0 a 4 anos reflete a ocorrência de vetores no peri e intra domicilio. A partir do período escolar essas crianças começam a se deslocar de suas casas para as escolas caracterizando um novo grau de exposição, e também iniciam atividades extrativistas, auxiliando seus pais no plantio, pesca e/ou coleta de produtos da floresta. O trabalho apresentado chama atenção para a importância da ocorrência da doença nessa faixa etária na região. |