RELATO DE CASO: SÍNDROME INFLAMATÓRIA DA RECONSTITUIÇÃO IMUNE (SIR) ASSOCIADA À HISTOPLASMOSE DISSEMINADA E À MICOBACTERIOSE DISSEMINADA |
A reconstituição imune é o objetivo da terapia antirretroviral (TARV). Em alguns pacientes, observa-se um quadro clínico de caráter inflamatório exacerbado, chamado de SIR, associada ao início da TARV, principalmente nos pacientes com doença avançada e imunodeficiência grave, com presença de coinfecções e/ou comorbidades, com anemia, com desnutrição. O objetivo deste trabalho é apresentar um caso de SIR associado à coinfecção de histoplasmose e micobacteriose. Paciente masculino, 50 anos, natural de N. S. do Socorro e procedente de Aracaju, Sergipe, foi admitido em maio de 2018 na enfermaria de Infectologia para investigação diagnóstica. Pessoa vivendo com HIV desde 2008 (células T CD4: 529; carga viral: 02 mil), apresentou, após a introdução de TARV em janeiro de 2008 (células T CD4: 38; carga viral: 458 mil), lesões nodulares hipercrômicas disseminada no corpo e lesões eritêmato-escamativa em face, tosse seca, perda de peso (30kg em 5 meses), inapetência, febre de origem indeterminada. Na internação, apresentava esplenomegalia, pancitopenia e manutenção dos picos febris. Na investigação da febre, foram descartadas causas como endocardite, infecção urinária, sinusite, colelitíase, leishmaniose visceral. A biópsia de pele foi descrita com um processo inflamatório crônico granulomatoso cutâneo caracterizado por infiltrado linfo-histiocitário esboçando granulomas, tendo em meio diminutas estruturas com características de esporos, isolados ou formando pequenos agrupamentos, pelo método PAS e pelo método de GROCOTT associado a pesquisa de BAAR pelo método ziehl-neelsen positiva. Em discussão com a patologista responsável, a histologia corresponde a uma coinfecção. Além disso, foi coletado medula para cultura de fungo e micobactéria e para pesquisa direta de micobactéria, sendo este BAAR positivo em medula. O tratamento inicial da histoplasmose disseminada foi feita com dose acumulada de anfotericina B lipossomal 2100mg, apresentando melhora da pancitopenia e da febre, mantendo tratamento com itraconazol. Antes do término da anfotericina, foi introduzido claritromicina associado a COXCIP-4, devido a falta de etambutol isolado com mudança da TARV (dolutegravir para raltegravir). Desta forma, o paciente foi de alta com melhora parcial do aspecto das lesões dermatológicas, melhora do estado geral, da inapetência e da febre. Atualmente aguardamos resultado de culturas para fungo e para mycobacterium sp. Enviadas para o laboratório Central de Sergipe. |