ASPECTOS IMUNOLÓGICOS DA MIOCARDITE CHAGÁSICA
CARLOS GERMANO DE LEAL RAMOS 1, ENÁGIO AMORIM XAVIER1, JÚLIA MILENA FERNANDES DANTAS1, MARIA TERESA JÁCOME ALVES1, RAFHAEL MAIA SANTIAGO1, REBECA KAROLLYNE ROLIM RIBEIRO1, LUCIANA MOURA DE ASSIS1
1. UFCG - Universidade Federal de Campina Grande
carlosgermano1999@gmail.com

A miocardite chagásica, principal característica da Cardiopatia Chagásica Crônica, é um processo inflamatório que provoca a morte de cardiomiócitos iniciado por uma infecção pelo Tripanossoma cruzi . Porém, a ação desse parasita no desenvolvimento desse quadro é, em grande parte, indireta, de forma que nesse dano miocárdico uma reação autoimune possui papel-chave. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é rever os aspectos imunológicos no processo danoso ao tecido cardíaco que ocorre na Doença de Chagas. Trata-se de uma revisão da literatura, com uma abordagem descritiva, baseada em pesquisas nas bases de dados do Pubmed, Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) , buscando-se artigos relacionados ao tema, em português e em inglês, e publicados entre 2012 e 2017. Dentre os resultados, notou-se que, na maioria dos casos, o dano miocárdico persiste massivamente mesmo que se consiga a deleção do patógeno desse tecido através da terapêutica medicamentosa aplicada. Altos níveis séricos de citocinas pró-inflamatórias também são observados durante o curso da doença. Essas observações indicam que a patogenia da lesão se configura, em grande parte, como uma reação cruzada, processo que ocorre quando um antígeno estranho muito semelhante a uma molécula própria do hospedeiro induz uma resposta imune que ataca não só o agente estranho, mas também as células próprias que estão expressando tais moléculas. Nesse caso, há grande semelhança estrutural entre a proteína B13, encontrada no T. cruzi , e a miosina encontrada abundantemente nos cardiomiócitos, o que faz com que essas células sejam atacadas em uma reação de autoimunidade, mediada principalmente por células T Helper 1, subsequente à infecção pelo parasita. Os altos níveis séricos de citocinas tais como TNF-α (Fator de necrose tumoral alfa), IFN-γ (Interferon gama) e IL-12 (Interleucina 12) estão intimamente relacionados ao processo inflamatório que é consequência do massivo ataque do sistema imune às células do músculo cardíaco. Diante do exposto, conclui-se que a patogenia da miocardite chagásica pode ser entendida como, além de um dano direto do parasita ao organismo infectado, uma contribuição da autoimunidade no desenvolvimento das lesões miocárdicas na doença de Chagas.



Palavras-chaves:  Autoimunidade, Citocinas, Doença de Chagas, Imunologia, Miocardite Chagásica