PERFIL CLÍNICO EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS CHIKUNGUNYA EM FORTALEZA-CEARÁ, 2016 E 2017. |
O vírus Chikungunya (CHIKV) é um arbovírus transmitido por mosquitos do gênero Aedes que causa doença febril com tropismo para articulações . Em 2017, o Brasil vivenciou a maior epidemia desta doença, com 185.854 casos. O estado do Ceará deteve a maior incidência, notificando 137.424 casos e 173 óbitos. A chikungunya é uma doença grave, que pode cronificar em grande parcela da população e pode evoluir ao óbito, principalmente em idosos. Como não se conhece o perfil dos grupos mais afetados, este trabalho buscou descrever o perfil clínico epidemiológico dos casos chikungunyana cidade de Fortaleza-Ceará, nos anos de 2016 e 2017. Foi realizada uma análise descritiva com base nos dados das fichas de notificação, calculando-se a frequência das variáveis no programa Stata, versão 11.2. Dos casos descritos no Ceará em 2016, Fortaleza notificou 16.456 casos e 22 óbitos. Outros 60.669 casos e 132 óbitos ocorreram em 2017. Constatou-se que 61,7% da população acometida foi do sexo feminino. As faixas etárias mais atingidas foram as de 20 a 39 anos (37.22%) e de 40 a 59 anos (30.4%) e predominou a raça parda com 71,8%. A escolaridade estava ignorada em 64,7% das fichas. Os sintomas mais comuns foram febre, artralgia e cefaleia, representando 89,3; 80,9 e 72,0%, respectivamente. A mialgia esteve presente em 62% dos casos. E poucas pessoas possuíam comorbidades instaladas, como diabetes (3,0%) e hipertensão (6,6%). Pelas fichas de notificação, 99,5% dos casos evoluíram para a cura. A predominância do sexo feminino se deve, provavelmente, a maior frequência de procura das mulheres pelas unidades de saúde. Grande parte da população referiu sintomas como febre e poliartralgia, corroborando com estudos anteriores. Chama atenção o percentual de casos que evoluíram para óbito, aspecto que não está totalmente elucidado na literatura científica. Este estudo serviu para uma compreensão mais ampla sobre o perfil sócioepidemiológico da população acometida por chikungunya, na cidade de Fortaleza, durante as epidemias nos anos de 2016 e 2017. |