ANÁLISE ESPACIAL DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA EM SANTA LUZIA, PARAÍBA
RAIZZA BARROS SOUSA SILVA 1, DIANA AZEVEDO LIMA1, LAYSA FREIRE FRANCO E SILVA1, ANGELICA BEATRIZ ARAUJO DE ANDRADE FREITAS1, WALTER MASSA RAMALHO1, MARCIA ALMEIDA MELO1
1. UFCG - Universidade Federal de Campina Grande, 2. UNB - Universidade de Brasília
raizzabss@hotmail.com

A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose negligenciada, que afeta humanos, canídeos e outros mamíferos.   Desde a década de 1980, vem ocorrendo a expansão e urbanização, processos diretamente influenciados pela migração de seres humanos e de seus animais de estimação para os grandes centros, pela ocupação desordenada e condições de vida precárias nesses novos lugares, além de mudanças climáticas e do desmatamento. As estratégias de controle da LV no Brasil são baseadas no diagnóstico e tratamento precoce de casos humanos, no controle dos vetores com uso de inseticidas e na detecção dos cães infectados e eutanásia dos mesmos. Os objetivos dessa pesquisa foram identificar as áreas de risco para a LV no município de Santa Luzia, Paraíba, com base nos casos de LV canina, com a finalidade de adotar ações de saúde pública adequadas para a região, visto que a infecção canina é um importante indicativo de risco para a ocorrência da LV humana. O estudo se deu nas zonas urbana e rural de Santa Luzia, entre os anos de 2015 e 2016. O diagnóstico foi realizado por sorologia pelo Kit ELISA-S7 ® (Biogene), TR-DPP ® (Bio-Manguinhos) e Kit EIE-LVC ® (Bio-Manguinhos); sendo consideradas positivas as amostras que reagissem em pelo menos dois testes. Durante as coletas, marcava-se com GPS os pontos de residência dos cães para a realização do georreferenciamento e análise espacial. Dos 779 cães incluídos no estudo, 676 eram da zona urbana e 103, da rural, e a prevalência da LV canina foi de 15,2% (103/676) e 13,6% (14/103), respectivamente. Pôde-se observar que a maioria dos casos da zona urbana estavam concentrados em um bairro periférico chamado Freio Damião e, através do SaTScan confirmou um cluster de alto risco no mesmo local (p=0,02; RR= 2,48). Na zona rural, apesar da maior concentração de casos positivos estarem na região noroeste do município não se observou nenhum cluster estatisticamente significativo. As áreas de maior concentração de LV canina devem ser priorizadas com adoção de medidas de controle e prevenção mais eficazes, tendo em vista que os casos caninos precedem os humanos. Essas áreas apresentam desigualdades sociais, crescem de forma desordenada e apresentam áreas remanescentes de caatinga e que sofrem desmatamento, tornando-se locais favoráveis para aproximação dos reservatórios silvestres e do vetor com as pessoas e com os cães.



Palavras-chaves:  Calazar, Cluster, Epidemiologia, Sistema de Informação Geográfica