CONTRASTES NO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA, BRASIL
RAIZZA BARROS SOUSA SILVA 1, DIANA AZEVEDO LIMA1, LAYSA FREIRE FRANCO E SILVA1, SAUL SILVA FONSECA1, MARÍLIA ANDREZA DA SILVA FERREIRA1, RAFAEL COSME SILVA1, PAULO PAES ANDRADE1, MARCIA ALMEIDA DE MELO1
1. PPGMV/UFCG - Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande , 2. UFCG - Universidade Federal de Campina Grande , 3. UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
raizzabss@hotmail.com

A leishmaniose visceral é uma antropozoonose em crescente expansão no Brasil, constituindo um importante problema de saúde pública. A enfermidade é causada pela Leishmania infantum, transmitida pelo flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, sendo o cão (Canis lupus familiaris) o principal reservatório doméstico. A prevalência da infecção canina é um importante indicativo de risco para a ocorrência da leishmaniose visceral humana. O objetivo desta pesquisa foi estimar a prevalência da leishmaniose visceral canina (LVC) no município de Santa Luzia, semiárido paraibano, e identificar as diferenças nos fatores de risco relacionados a sua ocorrência nas zonas urbana e rural. Nos anos de 2015 e 2016, coletou-se 779 amostras de sangue de cães. A prevalência foi determinada através de três técnicas sorológicas, considerando positivas as amostras que reagiram em pelo menos duas. Os fatores de risco foram determinados por meio de análises uni e multivariada das respostas dos proprietários ao questionário epidemiológico. Verificou-se elevada prevalência da leishmaniose visceral canina e a sua ampla distribuição no município de Santa Luzia: a prevalência de anticorpos anti-Leishmania infantum foi de 15% (117/779), sendo maior na zona urbana (15,2%) do que na rural (13,6%). O bairro que apresentou maior prevalência foi o Frei Damião com 26,4% (33/125), tendo os cães que residiam nessa localidade maior risco de contrair a LVC (OR 1,245; p=0,007). Outros fatores de risco encontrados foram a criação semidomiciliar (OR 1,798; p=0,025), para a zona urbana, e o uso do cão para caça (OR 18,505; p=0,016), contato dos cães com bovinos (OR 17,298; p=0,022) e ambiente (terra/cimento) onde o cão é criado (OR 4,802; p=0,024), para a zona rural. Esse tipo de estudo aponta aos órgãos públicos e à população práticas que aumentam o risco para o surgimento da LVC e orienta ações necessárias ao controle dessa endemia. Diferenças epidemiológicas entre as zonas urbana e rural puderam ser observadas demonstrando a necessidade de medidas de controle mais adequadas para cada localidade e comprovando o processo de urbanização dessa enfermidade. 



Palavras-chaves:  doença negligenciada, fator de risco, calazar, nordeste, zoonose.