REAÇÃO JARISCH-HERXHEIMER LIKE NA LEISHMANIOSE CUTÂNEA |
Classicamente descrita no tratamento da sífilis, a reação de Jarisch-Herxheimer consiste no aparecimento de febre, mal-estar geral, sintomas cardiorrespiratórios e alteração das lesões de pele pré-existentes durante o tratamento. Na leishmaniose cutânea está relacionada a reação de hipersensibilidade por possíveis substâncias liberadas pela grande quantidade de parasitos atingidos, sendo o antimoniato de meglumina o fármaco geralmente associado. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de paciente com apresentação clínica compatível com este tipo de reação adversa no tratamento da leishmaniose cutânea. Paciente sexo masculino, 18 anos, natural e procedente de Moreno-PE, zona endêmica para leishmaniose, procura ambulatório de Dermatologia com lesões ulceradas em membro inferior esquerdo com 1 mês de evolução. Foram realizados exames complementares diagnósticos (PCR e biópsia) que confirmou o diagnóstico de leishmaniose cutânea, sendo prescrito tratamento medicamentoso com antimoniato de meglumina (15mg/kg) IV durante 20 dias. Durante o início da infusão do medicamento, paciente evolui mal-estar e exacerbação das lesões, com proeminência das lesões no trajeto linfático ipsilateral. Paciente reavaliado no serviço e continuou o tratamento com orientações, evoluindo com cicatrização da lesão inicial e das novas lesões. A leishmaniose cutânea continua sendo uma entidade endêmica, negligenciada no âmbito do desenvolvimento farmacológico e um desafio para o raciocínio clínico dermatológico, fazendo-se importante o conhecimento dos efeitos adversos implicados em seu tratamento. Existem poucos estudos relatando a reação de Jarisch-Herxheimer na leishmaniose cutânea, cujo seu conhecimento é importante para realização de diagnóstico diferencial adequado, conscientizando os profissionais de saúde envolvidos e o paciente, evitando, portanto, o abandono do tratamento e a falha terapêutica. |