DESCRIÇÃO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CASOS CONFIRMADOS EM GESTANTES POR ZIKV E DE UM CASO DE SCZ COMO DESFECHO, CEARÁ, 2017 |
Introdução: Até o ano de 2015 não havia no mundo descrição de surto de Zika vírus (ZIKV) ligado à malformações congênitas. Após associação encontrada no Brasil, temos registro de casos de zika e de síndrome congênita do Zika vírus (SCZ) em todos os estados brasileiros desde a introdução desse vírus em nosso território. A infecção pelo ZIKV durante o desenvolvimento embrionário e fetal resulta em um quadro ainda não totalmente delineado, com características neurológicas e motoras distintas. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico de gestantes confirmadas com infecção pelo ZIKV e relatar o desfecho de um caso de SCZ no Ceará em 2017. Métodos: Estudo observacional descritivo, com abordagem quantitativa. A coleta foi realizada com dados secundários, obtidos em maio de 2018 através dos sistemas oficiais de notificação, Sinan e RESP. A coleta das informações se deu no setor de vigilância epidemiológica da SESA. Resultados: Em 2017, foram confirmados 26 casos de ZIKV em gestantes distribuídos nos municípios cearenses de Brejo Santo (53,8%), Icó (30,9%), Independência (7,7%), Iracema (3,8%) e Juazeiro do Norte (3,8%). Todas as gestantes moradoras da zona rural, 23,1% sintomáticas no mês de abril. A média e mediana de idades foi de 26,1 e 25 anos, respectivamente. No momento da detecção viral, 34,6% das gestantes estavam no terceiro trimestre gestacional. A média de tempo entre o início dos sintomas e a coleta laboratorial foi de 9,2 dias, tornando possível a realização do exame considerado padrão ouro: RT-PCR. Todas as gestantes foram testadas pela técnica de isolamento viral e/ou detecção de genoma e detecção de anticorpos IgM, onde 19,2% foram em amostras pareadas de soro e urina. Foi identificado ZIKV em 65,4% das gestantes que fizeram RT-PCR. A outra parte da confirmação das amostras, ficou por conta da detecção por IgM. Após o parto, uma das gestantes que teve infecção pelo ZIKV no primeiro trimestre, deu à luz a uma criança com microcefalia. Criança de gravidez única, sexo masculino, a termo, parto cesáreo, peso: 2.165 kg e perímetro cefálico de 25,8 cm, medido 24 horas após o nascimento. Conclusão: A identificação oportuna dessa doença em gestantes sintomáticas, pela vigilância epidemiológica, potencializa a chance de diagnóstico laboratorial precoce e ameniza consequências graves resultantes dessa infecção congênita. |