DESCRIÇÃO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CASOS CONFIRMADOS EM GESTANTES POR ZIKV E DE UM CASO DE SCZ COMO DESFECHO, CEARÁ, 2017
PÂMELA MARIA COSTA LINHARES 1,2, KILIANA NOGUEIRA FARIAS DA ESCÓSSIA1,2, DANIELE ROCHA QUEIROZ LEMOS1,2, SHEILA MARIA SANTIAGO BORGES1,2, LUCIANO PAMPLONA DE GÓES CAVALCANTI1,2, MANUELLA MARIA MOURA DE OLIVEIRA1,2
1. SESA - SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ, 2. UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 3. SMS - SECRETARIA MUNICIPAL DE BREJO SANTO
pamelalinharesenfa@gmail.com

Introdução: Até o ano de 2015 não havia no mundo descrição de surto de Zika vírus (ZIKV) ligado à malformações congênitas. Após associação encontrada no Brasil, temos registro de casos de zika e de síndrome congênita do Zika vírus (SCZ) em todos os estados brasileiros desde a introdução desse vírus em nosso território. A infecção pelo ZIKV durante o desenvolvimento embrionário e fetal resulta em um quadro ainda não totalmente delineado, com características neurológicas e motoras distintas. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico de gestantes confirmadas com infecção pelo ZIKV e relatar o desfecho de um caso de SCZ no Ceará em 2017. Métodos: Estudo observacional descritivo, com abordagem quantitativa. A coleta foi realizada com dados secundários, obtidos em maio de 2018 através dos sistemas oficiais de notificação, Sinan e RESP. A coleta das informações se deu no setor de vigilância epidemiológica da SESA. Resultados: Em 2017, foram confirmados 26 casos de ZIKV em gestantes distribuídos nos municípios cearenses de Brejo Santo (53,8%), Icó (30,9%), Independência (7,7%), Iracema (3,8%) e Juazeiro do Norte (3,8%). Todas as gestantes moradoras da zona rural, 23,1% sintomáticas no mês de abril. A média e mediana de idades foi de 26,1 e 25 anos, respectivamente. No momento da detecção viral, 34,6% das gestantes estavam no terceiro trimestre gestacional. A média de tempo entre o início dos sintomas e a coleta laboratorial foi de 9,2 dias, tornando possível a realização do exame considerado padrão ouro: RT-PCR. Todas as gestantes foram testadas pela técnica de isolamento viral e/ou detecção de genoma e detecção de anticorpos IgM, onde 19,2% foram em amostras pareadas de soro e urina. Foi identificado ZIKV em 65,4% das gestantes que fizeram RT-PCR. A outra parte da confirmação das amostras, ficou por conta da detecção por IgM. Após o parto, uma das gestantes que teve infecção pelo ZIKV no primeiro trimestre, deu à luz a uma criança com microcefalia. Criança de gravidez única, sexo masculino, a termo, parto cesáreo, peso: 2.165 kg e perímetro cefálico de 25,8 cm, medido 24 horas após o nascimento. Conclusão: A identificação oportuna dessa doença em gestantes sintomáticas, pela vigilância epidemiológica, potencializa a chance de diagnóstico laboratorial precoce e ameniza consequências graves resultantes dessa infecção congênita.



Palavras-chaves:  ARBOVIROSES, ZIKA VÍRUS, MICROCEFALIA, SAÚDE PÚBLICA, VIGILÂNCIA