CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS E LABORATORIAIS DOS CASOS DE INFECÇÃO PELO VÍRUS ZIKA EM NEONATOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO NO PERÍODO DE 2016 A 2017
SEVERINO JEFFERSON RIBEIRO DA SILVA1, EMILY NARA ALVES DOS REIS1, POLLYANA RODRIGUES DINIZ1, MARIA EDUARDA DA SILVA DIAS1, AMANDA KARLA ALVES GOMES E SILVA1, JACILANE BEZERRA DA SILVA1, DIEGO GUERRA DE ALBUQUERQUE CABRAL1, JURANDY JÚNIOR FERRAZ DE MAGALHÃES1
1. FIOCRUZ - PE - Instituto Aggeu Magalhães - Fundação Oswaldo Cruz Pernambuco, 2. UPE - Universidade de Pernambuco - Campus Serra Talhada, 3. LACEN/PE - Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Milton Bezerra Sobral
emilynara2@gmail.com

O Zika vírus (ZIKV) é um arbovírus que se tornou um dos principais problemas da saúde pública no Brasil e no mundo nos últimos anos principalmente devido a sua íntima relação com a gênese da microcefalia em neonatos.  Em 2015, o estado de Pernambuco foi considerado o epicentro da última epidemia de ZIKV no Brasil. Em junho de 2016, já tinham sido reportados mais de 4.000 casos de crianças que nasceram com microcefalia e o estado de Pernambuco por sua vez reportou um elevado número de casos de recém-nascidos com a síndrome congênita. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo descrever as características epidemiológicas e laboratoriais dos casos de infecção pelo vírus Zika em neonatos atendidos no Estado de Pernambuco, no período de 2016 a 2017. Trata-se de um estudo transversal descritivo, onde foi utilizada a base de dados do Gerenciador de Ambiente laboratorial (GAL) e do Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Milton Bezerra Sobral (LACEN/PE). Como critério elegível, considerou o resultado do diagnóstico de todos os neonatos com até no máximo um ano de vida que foram atendidos nos serviços de saúde do estado de Pernambuco. Foram excluídos do estudo, os casos que apresentaram o resultado do diagnóstico como indeterminado ou inconclusivo. Entre os anos de 2016 e 2017, foram notificados 471 casos reportados em neonatos suspeitos de zika, sendo confirmados laboratorialmente apenas 37 (7,85%). Quanto ao método de diagnóstico, dos casos confirmados pelo critério laboratorial, 2,70% (n=1) foi confirmado através da técnica padrão-ouro de identificação direta atualmente utilizada para o diagnóstico do ZIKV (RT-qPCR), enquanto 97,29% (n=36) foram confirmados através do método sorológico. Dos casos confirmados através do método sorológico, 23,52% (n=34) foram confirmados através de IgM e 76,47% (n=26) através de IgG. Quanto ao sexo, 70,27% (n=26) dos casos eram do sexo feminino e 29,72% (n=11) do sexo masculino. Nos últimos anos foi observada uma redução no número de casos reportados de microcefalia em neonatos, bem como no número de casos de infecções pelo vírus em todo o Brasil. Atualmente, não existe terapia antiviral, nem vacina para combater a infecção causada pelo ZIKV. O combate ao vetor e a vigilância do vírus nos mosquitos são as principais estratégias de combate à doença. Apesar da redução no número de casos da arbovirose, o Ministério da Saúde recomenda que medidas de combate ao vetor devam ser mantidas para prevenir possíveis surtos da doença.



Palavras-chaves:  diagnóstico , microcefalia, recém-nascido, ZIKV