AVALIAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA LEISHMANIOSE MUCOSA EM PACIENTES ATENDIDOS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA EM MANAUS, AMAZONAS |
A leishmaniose tegumentar americana (LTA), pode clinicamente se manifestar principalmente sob as formas de Leishmaniose Cutânea (LC), e Leishmaniose Mucosa (LM). A LC pode evoluir para LM, e dentre os fatores de risco estão, lesões acima da cintura pélvica, grandes lesões ulceradas e história de LTA anterior inadequadamente tratada e tempo de evolução das lesões cutâneas. Esse trabalho propôs observar em pacientes com LC, possíveis fatores de risco para LM. Trata-se de um estudo prospectivo, realizado no ambulatório de leishmaniose da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado-FMT-HVD, no período de agosto de 2017 a junho de 2018. Os pacientes com LC foram submetidos a uma avaliação clínica completa, identificação pessoal, antecedentes pessoais e familiares; todos foram submetidos a exame das cavidades oral e nasal, e quando necessário, seriam realizados exames de videoendoscopia nasal e videolaringoscopia, para avaliação quanto à presença de lesões sugestivas ou não de LM. Foram inseridos 95 pacientes, 66 (69,4%) são homens; a faixa etária entre 31-40 anos, média de 36 anos; 81 (85,2%) dos pacientes são economicamente ativos; 92 (96,8%) adquiriram a LC em diferentes localidades do estado do Amazonas, todos procedentes de área rural sendo 3 (3,1%) de fora do estado; 42 (44%) pacientes residem no local provável da infecção e a agricultura foi a atividade mais referida por 28 (29,4%) pacientes. Em 38 (40%) pacientes foram observados alguns fatores tais como: 16 (16,8%) apresentaram lesões acima da cintura pélvica, 13 (13,6%) lesões na cabeça, 7 (7,3%) tempo de evolução prolongado das lesões cutâneas, 4 (4,2%) úlceras cutâneas de grande tamanho e 4 (4,2%) LC anteriormente. Não foram observadas lesões na cavidade nasal e bucal que fossem sugestivas de LM. Embora os achados possam ser indicativos de fatores de risco para o desenvolvimento de LM no futuro, o que tem sido mais observado, é que a média de tempo entre a ocorrência entre LC e LM é alta. Um estudo realizado no Amazonas, registrou que o tempo médio para evolução foi de 16 anos, e isso dificulta uma avaliação prospectiva. Assim considerando que a LM é um problema de saúde que causa doença estigmatizante, é importante rastrear em pacientes com LC, fatores que possam ser indicativos de evolução para infecção mucosa e nessas situações orientar as pessoas envolvidas. |