AUMENTO DA MORTALIDADE POR HIPERTENSÃO E DIABETES DURANTE EPIDEMIA DE CHIKUNGUNYA NO CEARÁ, 2017: COINCIDÊNCIA?
SARAH MENDES DANGELO 1, DANIELE ROCHA QUEIROZ LEMOS1, ADRIANA ROCHA SIMIÃO1, KALLINE DE ALMEIDA BARRETO1, DÉBORA BEZERRA SILVA1, ANA RITA PAULO CARDOSO1, LUCIANO PAMPLONA GOES CAVALCANTI1
1. PPGSP - UFC - Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública. Universidade Federal do Ceará , 2. SESA-CE - Secretaria da Saúde do Ceará, 3. LACEN - CE - Laboratório Central de Saúde Pública
sarahmendes.saude@gmail.com

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica, caracterizada pela elevação sustentada dos níveis da pressão arterial. A Organização Mundial da Saúde aponta que as doenças cardiovasculares são responsáveis por 16,7 milhões de mortes a cada ano e a expectativa é que em 2020 serão as principais causas de óbito na população. O termo diabetes mellitus (DM) descreve uma desordem metabólica de múltipla etiologia, caracterizada por hiperglicemia crônica decorrente de defeitos na secreção e/ou ação da insulina, além disso, grandes concentrações plasmáticas de glicose levam ao desenvolvimento de degenerações crônicas associadas à falência de diversos órgãos. Estima-se que a população mundial com diabetes, nos dias atuais, é de 382 milhões de pessoas, 46% delas sem diagnóstico prévio, e que deverá atingir 471 milhões em 2035. A palavra Chikungunya significa “aquele que se contorce”, em língua makonde, dialeto falado em ilhas da Tanzânia, caracterizando a postura de seus pacientes pelas fortes dores poliarticulares que apresentam. Há evidências recentes que sugerem que a ocorrência de uma epidemia de Chikungunya pode alterar a curva de mortalidade por essas doenças crônicas, principalmente na população idosa, interferindo no curso clínico dessas patologias. O objetivo deste estudo foi investigar o aumento de óbitos por DM e HAS no Ceará durante a epidemia de chikungunya ocorrida em 2017. No Brasil, em 2017, foram registrados 131.749 casos prováveis de chikungunya e uma taxa de incidência de 63,9 casos/100 mil habitantes. No mesmo período, o Estado do Ceará registrou 103.007 casos da doença com taxa de incidência de 1.149,2 /100 mil habitantes. Ao analisar o banco de dados de mortalidade, por meio do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) evidenciou-se que houve um incremento, em relação à média do número de óbitos dos últimos 10 anos, de 35,2% de óbitos por DM e de 27,2% por HAS durante os meses em que a epidemia de chikungunya estava em seu limiar superior. As internações e os óbitos por doenças crônicas não transmissíveis, em geral possuem alterações epidemiológicas discretas ao longo dos anos. Quando ocorre uma alteração brusca, como a identificada nos resultados apresentados, suspeita-se que haja algum fator "disparador" introduzido na população. Acreditamos que a ocorrência da epidemia de chikungunya pode ter sido responsável por parte importante desse excesso de óbitos documentados por diabetes e hipertensão, ocorridos no Ceará, em 2017.



Palavras-chaves:  Vírus Chikungunya, Hipertensão, Diabetes Mellitus, Vigilância Epidemiológica