ÓBITO POR LEISHMANIOSE VISCERAL GRAVE EM PACIENTE JOVEM IMUNOCOMPETENTE: RELATO DE CASO |
INTRODUÇÃO : A leishmaniose visceral americana (LVA) é uma enfermidade zoonótica transmitida por dípteros da subfamília Phlebotominae , cujo agente etiológico é o protozoário da espécie Leishmania infantum . Na sua forma clássica, os pacientes cursam com febre, hetapoesplenomegalia, perda de peso e distensão abdominal. A presença de icterícia, edema e insuficiência renal aguda denotam gravidade. RELATO DO CASO : Paciente do sexo feminino, 21 anos, previamente hígida, procedente de Boa Viagem-CE, apresentou-se ao Hospital São José de Doenças Infecciosas em maio de 2018 com história de febre diária, icterícia, vômitos, distensão e dor abdominal há 1 mês. A paciente havia sido encaminhada com hipótese de LVA com ultrassonografia evidenciando hepatoesplenomegalia. Foram solicitados exames e, após achado de pancitopenia e sorologia k-39 positiva, foi solicitado internação. A sorologia para HIV foi negativa . Paciente evoluiu nos primeiros dias sem febre, mas manteve icterícia, palidez, náuseas, empachamento e abdome distendido e doloroso difusamente, principalmente em andar superior. A partir do 3º dia de internação evoluiu com tosse seca, tontura, dispneia e vômitos. No 5º dia realizou aspirado de medula óssea que foi positivo na pesquisa de leishmanias, sendo iniciado anfotericina b lipossomal. No 7º dia a paciente apresentou desconforto respiratório e anemia importante necessitando de transfusão. Seguiu no 10º dia com retorno da febre e quadro de pneumonia com insuficiência respiratória, com raio-x evidenciando velamento em base esquerda e direita e ausculta pulmonar com crepitações bilaterais, sendo iniciado piperacilina/tazobactam. Ao 11º dia a paciente evoluiu com piora da insuficiência respiratória, sendo indicada intubação orotraqueal e início de meropenem e teicoplanina. Teve episódio de atividade elétrica sem pulso sendo feitos 2 ciclos de reanimação cardiorrespiratória. Paciente ficou hipotensa a despeito do uso de drogas vasoativas e evoluiu com sepse e insuficiência renal aguda. Devido à instabilidade hemodinâmica não foi possível realizar hemodiálise e a paciente permaneceu em sedoanalsegia com midazolan e fentanil, vindo a óbito no 15º quinto dia de internação. CONCLUSÃO : A evolução atípica em paciente jovem imunocompetente demonstra a diversidade clínica através do qual a LVA pode se apresentar, demonstrando importância do diagnóstico precoce e reconhecimento de sinais de gravidade para evitar desfechos desfavoráveis. |