ANÁLISE DO PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM LEISHMANIOSE VISCERAL EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO CEARÁ DURANTE 2017 E 2018 |
INTRODUÇÃO: Leishmaniose visceral (LV) é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Leishmania e transmitida por dípteros do gênero Lutzomyia, sendo Leishmania chagasi e Lutzomyia longipalpis os mais prevalentes no Ceará. A doença é considerada endêmica neste estado. Pessoas de qualquer faixa etária e sexo podem ser acometidas, mas crianças de 1 a 4 anos e indivíduos do sexo masculino costumam ser mais afetados. OBJETIVO: Analisar perfil clínico e epidemiológico de pacientes com LV internados em hospital de referência no estado do Ceará. METODOLOGIA: Foi feito um estudo descritivo de dados coletados do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) de casos hospitalizados e notificados em hospital de referência no Ceará, de janeiro de 2017 a junho de 2018. RESULTADOS: Foram identificados 236 casos notificados, sendo 158 em 2017 e 78 em 2018. A média de idade dos pacientes foi 34,7 anos, com desvio padrão de 20,06, sendo a maior idade de 88 anos e a menor de 10 meses. Do total de casos 181(76,7%) eram do sexo masculino e 55(23,3%) do sexo feminino. Foi observado coinfecção com o vírus HIV em 59(25%) pacientes. Na classificação final 187(79,2%) foram confirmados, sendo 175(93,6%) por critério laboratorial e 12(6,4%) por critério clínico-epidemiológico. A droga mais usada para tratamento inicial foi anfotericina b lipossomal, em 121(51,2%) pacientes, seguida de antimonial pentavalente em 53(22,4%) e anfotericina b desoxicolato em 8(3,3%). Para 54 pacientes não havia informações sobre tratamento inicial. Das manifestações clínicas, as mais observadas foram febre em 192(81,3%) pacientes, perda de peso em 131(55,5%), tosse em 97(41,1%), esplenomegalia em 134(56,8%), fenômeno hemorrágico em 17(7,2%), hepatomegalia em 121(51,3%) e icterícia em 22(9,3%). Com relação aos desfechos, 166(70,3%) evoluíram para cura e 26 foram a óbito, sendo 15(57,7%) em 2017 e 11(42,3%) em 2018, sendo 20(8,5%) por LV e 6(2,5%) por outras causas. Ainda nos desfechos, 18 pacientes foram transferidos e 23 estavam sem informações. Observou-se ainda que dos óbitos, 17(65,4%) iniciaram tratamento com anfotericina B lipossomal. CONCLUSÃO : Percebe-se o caráter endêmico que a doença tem no estado, bem como a letalidade importante associada. A doença possui amplo acometimento de faixas etárias, incluindo crianças, adultos jovens e idosos. Nota-se ainda que a coinfecção com HIV está presente em parte expressiva dos casos, determinando geralmente um pior prognóstico. |