ANÁLISE DO EFEITO ANTIFÚNGICO DO EXTRATO PROTEICO COM ATIVIDADE LECTÍNICA OBTIDO DE SEMENTES DE Sesbania virgata SOBRE Aspergillus flavus E Penicillium citrinum
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Sesbania virgata é uma leguminosa popularmente conhecida por acácia negra, saranzinho, mãe-josé e feijãozinho, nativa da parte sul do continente americano, mas que adapta-se facilmente à região Nordeste do Brasil. Reconhecendo que a contaminação e a deterioração de alimentos por fungos são muito comuns e que estudos sobre o potencial biotecnológico da biodiversidade vegetal vêm crescendo progressivamente, objetivou-se investigar o efeito antifúngico do extrato proteico com atividade lectínica (EPAL) contra Aspergillus flavus (LM-714 e LM-247) e Penicillium citrinum (LM-9 e LM-60). A farinha das sementes de S. virgata (1:15, p/v) foi tomada para obtenção do extrato aquoso em tampão Glicina-NaOH (0,1 mol.L-1; pH 9,0) enriquecido com NaCl 0,15 mol.L-1. Após 22 horas de homogeneização a 35 °C, o extrato foi centrifugado (10000 x g, 30 min, 4 °C) e o sobrenadante recolhido (denominado EPAL) para determinar o teor de proteínas solúveis, a atividade lectínica – conforme procedimento sugerido e aprovado pelo CEUA/UFPB (nº178/2015) – e seu efeito antifúngico. Os fungos foram adquiridos na Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/RJ) e no Laboratório de Micologia e Microbiologia (DCF/UFPB). Os ensaios foram realizados em meio líquido RPMI 1640 e a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) do EPAL (10 mg de EPAL:1 mL de tampão) foi realizada por microdiluição (1024 μg/mL – 32 μg/mL) em placas de 96 poços com fundo em “U”, adicionado à uma suspensão de fungos (105 UFC/mL) preparada conforme o tubo 0,5 da Escala McFarland, e incubada a 28-30 °C por 24-72 horas. Para o controle da atividade fúngica, foi utilizado fluconazol (50 µg/mL). O teor de proteínas solúveis presente em EPAL foi de 7,13 mgP/mL e 106,96 mgP/mgF e a atividade lectínica foi expressa por 32 UH/mgP-1, com 480 UH/gF e 273,61 UH/mgP. Por se ter registros de uma proteína antifúngica isolada (50 kDa) de sementes de S. virgata , acredita-se que as lectinas presentes no EPAL são as responsáveis por inibir o crescimento fúngico (CIM 1024 µg/mL) dos microrganismos testados, o que representou uma moderada atividade. Isso sugere, após implementação de estudos sobre sua toxicidade humana e ambiental, a possibilidade do desenvolvimento de fármacos tópicos antifúngicos ou fungicidas naturais na agricultura com base no EPAL, podendo vir a reduzir os danos causados pelos fungicidas comumente usados. |