POTENCIAL LARVICIDA DO EXTRATO AQUOSO DE SEMENTE DE Anadenanthera colubrina NO CONTROLE DE Aedes aegypti |
As plantas produzem diversas biomoléculas que lhes garantem resistência à diversas doenças e pragas, alguma das quais têm sido isoladas. A baixa toxicidade ao homem e ao ambiente revelam grande potencial de aplicação biotecnológico dessas moléculas para o controle de pragas agrícolas e de vetores de importância médico. Popularmente conhecida como Angico, Anadenanthera colubrina é um arbusto pertencente à família Mimosaceae que ocorre em ambiente tropical. O Aedes aegypti é vetor de arboviroses como febre amarela, dengue, chikungunya e zika, e seu controle com larvicidas sintéticos representa um alto custo financeiro e ambiental, agravado pelos crescentes registros de insetos resistentes. Reconhecendo-se a importância dos estudos sobre o potencial da biodiversidade vegetal, este trabalho objetivou avaliar a atividade larvicida do extrato aquoso de sementes de A. colubrina contra o A. aegypti e realizar uma caracterização química parcial. A farinha das sementes foi submetida a extração aquosa (1:10, p/v) 80 °C por 3,5 horas. Em seguida o extrato foi centrifugado (10000 x g, 15 min, 4 °C) e o sobrenadante denominado de extrato aquoso (EA). Posteriormente o EA foi caracterizado quanto ao peso seco, teores de carboidratos, proteína, atividade inibitória para tripsina e presença de lectinas em ensaio de hemaglutinação. A atividade larvicida foi avaliada nas concentrações de 50%, 25%, 12,5%, 6,25%, 3,12%, 1,56% e 0,78% (v/v) e a mortalidade foi definida após 24 horas. O EA obtido apresentou 3,8 g de peso seco (19% de rendimento), 0,089 mg/mL de carboidratos e 0,624 mg/mL de proteínas, porém não foram detectadas atividade de inibição para tripsina e nem presença de lectinas. A concentração letal 50% (LC50) para larvas de 4°instar foi de 2,18% (0,48 mg/mL). Em estudos anteriores, nosso grupo já tinha constatado a atividade larvicida das sementes de A. colubrina (LC50 = 2,90 mg/mL) extraídas com fosfato de sódio em temperatura ambiente (28 ºC). A elevação da atividade larvicida indica que a extração aquosa quente foi mais eficiente na obtenção de moléculas larvicidas, mesmo com a perda da atividade de inibição para tripsina. Como perspectivas futuras, pretendemos a ampliação dos parâmetros de análises da composição química do EA e ensaios adicionais utilizando outros estágios de desenvolvimento do vetor, como ovo, pupa e adulto, com fins de indicar sua utilização como alternativa de baixo custo e ecologicamente segura no controle dos mosquitos do gênero Aedes . |