COINFECÇÃO TB/HIV NO ESTADO DE MINAS GERAIS: FATORES ASSOCIADOS À CURA, ÓBITO E ABANDONO DO TRATAMENTO
SYBELLE DE SOUZA CASTRO 1, LUCIA MARINA SCATENA1, ALMIR MIRANZI NETO1, ALFREDO MIRANZI1, ALTACÍLIO APARECIDO NUNES1
1. UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro, 2. UNIFAN - Faculdade Alfredo Nasser, 3. UNIUBE - Universidade de Uberaba, 4. FMRP/USP - Universidade de São Paulo
sybelle@mednet.com.br

Introdução : A partir de 2014 o Ministério da Saúde passou a exigir a notificação compulsória dos casos de HIV, desde então o perfil de casos de coinfecção TB/HIV, possivelmente sofreu alterações importantes, especialmente quanto aos desfechos como taxa de cura da TB, óbitos, internações e de abandono de tratamento. Objetivo: Verificar os fatores associados à cura, óbito e abandono dos casos de coinfecção TB/HIV no estado de Minas Gerais. Desenho do estudo : ecológico analítico. Métodos: Estudo analítico, com casos de TB/HIV notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, em 2016, no estado de Minas Gerais. Utilizou-se Análise Fatorial de Correspondência Múltipla para verificar a associação entre desfecho e fatores associados, estatística descritiva e cálculo das taxas de incidência. Resultados: Dos 466 casos, a maioria era do sexo masculino (77,68%), entre 30 e 49 anos (60,95%), 94,64% tinham Aids e o restante HIV. A incidência foi menor entre < 19 anos e maior entre 30 e 49 anos. Houve cura em 21% dos casos, associada às pessoas acima de 50 anos e sem agravos associados a coinfecção. Abandonaram o tratamento 12,7%, nas faixas etárias entre 20 e 29 anos e 40 a 49 anos, usuários de drogas, álcool e fumo. Os óbitos foram associados com idade entre 30 e 39 anos e agravos associados ignorados. Discussão: A coinfecção TB/HIV segue o mesmo perfil dos casos de HIV/AIDS no que se refere a maioria dos casos ocorrerem no sexo masculino em plena idade produtiva. Indivíduos com vícios de consumo nocivo de álcool, drogas ilícitas e tabaco são mais propensos ao abandono de tratamento da tuberculose, possivelmente devido a alteração da consciência pela utilização das duas primeiras substâncias atrelado as dificuldades de adesão ao tratamento ocasionadas pelo mesmo motivo. A falta de oportunidade de preenchimento da notificação com o paciente vivo ou com os seus familiares por ocasião do óbito pode explicar em parte a associação com registros ignorados quanto aos agravos associados. Conclusão: O índice de cura de pacientes TB/HIV foi baixo e esteve relacionado à ausência de agravos associados à doença. Já o abandono, aos indivíduos etilistas, usuários de drogas ilícitas e tabagistas. Novas estratégias para melhorar a vigilância epidemiológica e a assistência e prevenção dos casos de TB/HIV necessitam ser implementadas no estado de Minas Gerais para que a meta do Plano nacional pelo fim da tuberculose como problema de saúde pública até 2035 seja alcançada.



Palavras-chaves:  HIV, Tuberculose, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida