PARACOCCIDIOIDOMICOSE ORAL DIAGNOSTICADA POR DENTISTAS: RELATO DE CASO.
AFFONSO GONZAGA SILVA NETTO 2, JOSÉ ALFREDO DOS SANTOS JÚNIOR2, MIRELA GODOI NUNES DE OLIVEIRA2, ANTÔNIO LUIZ SOARES MOURA REZENDE FILHO2, RICARDO VIANA BESSA NOGUEIRA2, CAMILA MARIA BEDER RIBEIRO GIRISH PANJWANI2
1. CESMAC - Centro Universitário Cesmac, 2. UNIT - Centro Universitário Tiradentes, 3. UFAL - Universidade Federal de Alagoas, 4. HELVIO AUTO - Hospital Escola Dr. Helvio Auto
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Paracoccidioidomicose (PCM) ou blastomicose sul-americana é uma doença sistêmica e infecciosa, causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis encontrado em plantas e solo. O fungo é adquirido, sobretudo, por inalação através do trato respiratório e podendo ser disseminado pelas vias hematogênica e linfática, o que caracteriza a forma sistêmica da doença. A PCM também pode ser ocasionada pela inoculação de esporos na pele ou em mucosas, maiormente em regiões orais ou anais devido ao contato direto com lesões mucosas ulceradas, pertencente à forma localizada da doença. Este trabalho teve como objetivo relatar um caso de PCM diagnosticado por cirurgiões-dentistas, destacando a importância da etiopatogenia e história clínica para alcançar o diagnóstico definitivo. Homem de 43 anos de idade, tabagista e etilista, pedreiro e com um recente trabalho agrícola em plantação de cana-de-açúcar, procurou assistência com história de 1 ano de perda de peso, edema oral e lesão ulcerada dolorosa no lábio inferior. No exame extraoral foi observada abertura bucal limitada decorrente de uma cicatriz fibrosa na comissura labial esquerda e linfonodos cervicais normais. No exame intraoral foi observada uma úlcera branco-amarelada, moriforme, granulomatosa e eritematosa com aproximadamente 1,5 cm de diâmetro, bordas irregulares e não delimitadas na parte interna do lábio inferior. Foi realizada uma biópsia incisional a qual exibiu um epitélio escamoso ulcerado com hiperplasia pseudoepiteliomatosa, inflamação granulomatosa crônica e células gigantes multinucleadas na lâmina própria. O fungo Paracoccidioides brasiliensis foi observado como um parasita de parede dupla com gemulação simples utilizando-se a coloração com ácido periódico-Schiff (PAS). O paciente foi encaminhado a um infectologista e testes sorológicos para HIV, HTLV, sífilis e hepatite tiveram resultados negativos, além da radiografia de tórax dentro da normalidade. As evidências clínicas e histopatológicas confirmaram o diagnóstico de Paracoccidioidomicose oral. O tratamento foi iniciado com 200mg de Itraconazol via oral diariamente por 9 meses. Após este período, o paciente não apresentava sinais de lesões orais ativas ou edema. Ainda que os pulmões sejam o sítio primário pela inalação de esporos ou partículas do fungo, outros sítios podem ser afetados, inclusive a mucosa bucal. Logo, o cirurgião-dentista tem papel fundamental na identificação dessas lesões, no diagnóstico e encaminhamento para tratamento adequado.



Palavras-chaves:  Diagnóstico, Etiologia, Paracoccidioidomicose