MORTES POR TUBERCULOSE EM CUIABÁ: EXISTE RELAÇÃO COM INDICADORES SOCIAIS? |
Mato Grosso é um dos estados brasileiros que registra altas taxas de mortalidade por tuberculose (TB) e tem enfrentado muitos desafios para o controle desta doença. Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar áreas de risco para mortalidade por tuberculose e os indicadores sociais relacionados a este evento no município de Cuiabá, capital do estado. Trata-se de um estudo ecológico, cuja população foi os casos de óbitos que apresentaram como causa básica a TB, no período de 2006 a 2016. Foram utilizadas 12 variáveis socioeconômicas para a construção de indicadores sociais, por meio da análise de componentes principais (ACP). Os clusters de risco foram identificados pela estatística de varredura. Um modelo de regressão logística múltiplo foi utilizado para prever associações entre os indicares sociais e o risco para mortalidade por TB. No período estudado, foram identificados 225 óbitos distribuídos entre 89 áreas (Unidades de desenvolvimento humano – UDH). Foi identificado um cluster significativo de risco relativo (RR) para mortalidade por TB, composto por 6 UDHs, localizado na região sul do município (RR 2,16). A técnica de ACP evidenciou 2 indicadores que estão relacionados a qualidade de vida. No modelo logístico, o indicador de melhor qualidade de vida esteve associado à menor chance de pertencer ao cluster de risco (OR = 0,213; IC 95% = 0,057-0,803; p=0,010), enquanto que o segundo indicador, que apontava a pior qualidade de vida esteve relacionado com maior chance de pertencer ao cluster de risco de mortalidade por TB (OR = 3,914; IC 95% = 1,390-11,020; p<0,001). Os resultados confirmam que o risco de morte por TB é um problema associado com a qualidade de vida. Políticas de saúde e programas de proteção social que considerem melhorias das condições socioeconômicas da população podem colaborar positivamente para melhor qualidade de vida e otimizar o enfrentamento da TB. |