ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DO ÁCIDO ÚSNICO E DA β-LAPACHONA ENCAPSULADOS EM LIPOSSOMAS
SERGIO DIAS DA COSTA JUNIOR 1, JOÃO VICTOR OLIVEIRA SANTOS1, LUIS ANDRE ALMEIDA CAMPOS1, NEREIDE STELA SANTOS MAGALHÃES1, ISABELLA MACÁRIO FERRO CAVALCANTI1
1. LIKA - UFPE - Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) - Universidade Federal de Pernambuco, 2. CAV - UFPE - Laboratório de Microbiologia e Imunologia – Centro Acadêmico de Vitória – Universidade Federal de Pernambuco
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O tratamento de infecções causadas por bactérias gram negativas é um desafio para ciência e um grave problema de saúde pública. Assim, os cientistas têm unido esforços para encontrar novas opções terapêuticas para combater essas infecções bacterianas. Neste contexto, os produtos naturais surgem como potenciais fontes de medicamentos. Dentre as moléculas de origem natural destacam-se o ácido úsnico (AU), um metabólito secundário liquênico, e a β-lapachona (β-lap), uma orto-naftoquinona que pode ser obtida da casca de árvores do gênero Tabebuia . Estas moléculas apresentam atividades biológicas, porém a baixa biodisponibilidade, baixa hidrosolubilidade e a toxicidade constituem um problema para sua administração. Entretanto, a encapsulação desses compostos em nanocarreadores, como os  lipossomas, surge como estratégia para sobrepor essas limitações. Os lipossomas são vesículas formadas por uma ou mais bicamadas lipídicas que isolam compartimentos aquosos internos do ambiente externo. Este nanocarreador pode diminuir a toxicidade e aumentar a biodisponibilidade dos fármacos. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar a atividade antibacteriana do AU e da β-lap encapsulados em lipossomas. Os lipossomas contendo AU (Lipo-AU) e β-lap (Lipo-β-lap) foram preparados pelo método de hidratação do filme lipídico seguido de sonicação e foram caracterizados quanto ao tamanho de partícula (TP), índice de polidispersão (PDI) e eficiência de encapsulação (% EE). A concentração mínima inibitória (CMI) e a concentração mínima bactericida (CMB) de Lipo-AU e Lipo-β-lap frente às cepas de Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 e Klebsiella pneumoniae ATCC 700603 foi determinada pelo método de microdiluição em caldo de acordo com o Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI).  Lipo-AU e Lipo-β-lap apresentaram, TP de 98,2 ± 10,7 nm e 113,15 ± 1,35 nm, PDI de 0,344 e 0,442 e %EE de 95,8 ± 1,72% e 98,7 ± 0,6%, respectivamente. Lipo-AU e Lipo-β-lap exibiram atividade antibacteriana com CMI de 1,95 a 3,9 µg/mL e de 1,95 a 15,6 µg/mL. Lipo-AU apresentou efeito bactericida frente a Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 (CMB = 62,5 µg/mL) e Lipo-β-lap apresentou efeito bactericida frente a Klebsiella pneumoniae ATCC 700603 (CBM = 31 µg/mL). Desta forma, Lipo-AU e Lipo-β-lap possuem um potencial antibacteriano, indicando que a encapsulação de AU e β-lap em lipossomas é uma estratégia promissora para uma futura utilização desses agentes terapêuticos na clínica médica.



Palavras-chaves:  infecções bacterianas, nanocarreadores, produtos naturais