SÍFILIS CONGÊNITA COMO INDICADOR DE QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL NO MUNICÍPIO DE OLINDA, PERNAMBUCO, BRASIL |
No Brasil, desde o início da década de 1980, a assistência integral à saúde da mulher vem se consolidando como uma das prioridades nas políticas de saúde, principalmente no que se refere à gestação, ao parto e ao puerpério. Uma das preocupações é a redução de casos novos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), particularmente a Sífilis Congênita (SC), visto que é causa frequente de morbimortalidade perinatal e complicações precoces e tardias de nascidos vivos. Este estudo teve como objetivo analisar a qualidade da assistência ao pré-natal no município de Olinda, utilizando-se como indicador a sífilis congênita (SC). Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo e de corte transversal. Como fontes de dados, foram utilizadas as fichas de notificação epidemiológicas e de investigação dos casos de SC, disponíveis no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) do período de 2013 a 2016, como também um questionário estruturado onde foram entrevistados profissionais das Unidades de Saúde da Família (USF) e da vigilância epidemiológica. Os dados foram digitados em Excel e analisados no SPSS 13. Foram registrados 341 casos de SC. A maior proporção de SC incide entre as mulheres maiores de 20 anos, com menos de 8 anos de estudo e 83,25% delas realizaram o pré-natal. Tanto as mulheres (90,0%) como os seus parceiros (92,0%) foram inadequadamente tratados. Foram entrevistados 46 enfermeiros dos quais mais da metade (54,3%) informaram que havia dificuldades para realizar os exames assim como o recebimento dos resultados. Entre os informantes, 36,9% afirmaram que não realizavam o controle da cura das gestantes com VDRL positivo durante o pré-natal e a maioria (78,26%) tinha problemas para realizar o tratamento dos parceiros das gestantes. Apesar da sífilis ser uma doença cujo agente etiológico é bem definido, tratamento eficaz e de baixo custo, ainda observa-se grande proporção de gestantes infectadas. Os resultados apontam que a sífilis no período gestacional ocorre em mulheres jovens (média de idade de 20 anos), com pouca escolaridade e baixa renda. A oferta de serviços de assistência pré-natal altera os desfechos das gestações e a sua ausência pode elevar a mortalidade perinatal em até cinco vezes. A resolução de problemas como a SC e de outros agravos à saúde implica na adoção de políticas públicas estruturantes e ações intersetoriais, além de investimentos em capacitação profissional e melhoria na comunicação entre os diferentes serviços. |