PERFIL DO PACIENTE AGREDIDO POR ANIMAIS POTENCIALMENTE TRANSMISSORES DO VÍRUS DA RAIVA NO MUNICÍPIO DE BELÉM, ESTADO DO PARÁ. |
A raiva é uma antropozoonose comum aos animais e homem que se caracteriza como uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de, aproximadamente, 100%. A transmissão ocorre principalmente por inoculação do vírus presente em saliva e secreções do animal infectado, usualmente pela mordedura. No Brasil, nas áreas urbanas, o cão e gato constituem as principais fontes de infecção. Nesse sentido, o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR), entre os anos de 1980 a 1990, sofreu uma estruturação em todo País, estabelecendo para a doença medidas de prevenção e controle profilático da raiva, com vacinação ou tratamento com soro antirrábico. Neste contexto, o presente estudo objetivou descrever o perfil do paciente agredido por animais potencialmente transmissor do vírus da raiva, no município de Belém, Estado do Pará. Foi realizado estudo quantitativo e descritivo de atendimento antirrábico do Sistema de Informação de Agravo de Notificação da Secretaria de Estado de Saúde Pública, no município de Belém, entre os anos de 2013 a 2017. Nesse período houve 28.635 notificações, com média anual e mensal de 5.727 e 2.386 casos, respectivamente. Os principais agressores foram cães (82,29%) e gatos (14,74%). Para fins de conduta de tratamento, 61,62% dos animais apresentam-se aparentemente sadios, porém, em 60,10% dos casos, não há registros acerca da condição final dos animais, após período de observação (negativo ou positivo para a raiva). A faixa etária de maior ocorrência do paciente agredido foi de 20 e 64 anos (59,17%) em ambos os sexos e, os estudantes, os indivíduos mais agredidos (30,45%). A profilaxia de vacinação foi indicada em 67,69% dos casos. Dos cães e gatos agressores, 97,98% dos vitimados não tinham informações da situação de vacinação dos animais. Em relação às agressões, as mordeduras foram as mais frequentes (83,87%), sendo as mãos, pés e membros inferiores os locais mais acometidos (77,65%). Quanto ao padrão dos ferimentos, foram em 56,27% dos casos únicos, em 49,11% e 43,87% superficiais e profundos, respectivamente. Conclui-se que a ausência de informações, quanto à situação final do animal, aliado às baixas buscas ativas pela vigilância dos pacientes que não completaram o tratamento profilático, revela a necessidade de maiores capacitações para os profissionais atenderem à normatização do PNPR, assim, considera-se que o município de Belém é uma área vulnerável ao surgimento da enfermidade. |