PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ACIDENTES OFIDICOS DA MESORREGIÃO DO BAIXO AMAZONAS DO ESTADO DO PARÁ, BRASIL |
Os envenenamentos por serpentes peçonhentas no Brasil ocorrem com grande frequência e são causados, sobretudo, por animais dos gêneros Crotalus, Lachesis, Bothrops e Micrurus . Nessa perspectiva, no ano de 2016 foram notificados aproximadamente 26.244 casos de ofidismo no país, sendo que a região norte computou 8.638 dos casos onde 4.722 foram oriundos do estado do Pará. O Baixo Amazonas é uma das seis mesorregiões que constituem o segundo maior território do país. O déficit de informações divulgadas concernentes aos acidentes provocados por animais peçonhentos no estado dificulta o conhecimento da distribuição dos acidentes por essas serpentes, assim como dos dados epidemiológicos. Isto pode permitir que ocorram falhas no planejamento e na distribuição de recursos para o tratamento e manejo das vítimas no estado do Pará. Nessa ótica, foi realizado um estudo epidemiológico descritivo e retrospectivo analisando os dados relativos aos acidentes pelas principais serpentes de ocorrência na mesorregião do Baixo Amazonas entre o período de 2007 a 2016 obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) oriundos da Secretaria de Saúde Pública do Estado do Pará (SESPA). As variáveis consideradas foram: faixa etária, sexo, tipo de serpente, evolução, meses em que os acidentes aconteceram, classificação dos acidentes, local da picada e o tempo de atendimento. Os dados foram tabulados através do Microsoft Excel 2010. Nessa perspectiva, foram notificados 5691 casos no período avaliado, com média de 569,1 casos/ano; a maior frequência de casos foi no sexo masculino (80,3%) e a faixa etária que apresentou maior risco foi a do intervalo de 20 a 39 anos (28,84 casos/10 mil hab.); o maior número de casos ocorreu entre dezembro e abril (48,6%), em grande parte causados pelo gênero Bothrops (80,93%); a maioria dos casos 2572 (45,19%) foram classificados como casos moderados, 413(7,26%) foram considerados graves e 33 (0,58%) evoluíram para óbito. Os membros inferiores foram os locais mais acometidos. Além disso, a grande parte dos pacientes foi atendida em um intervalo de 3 a 6 horas 1282 (28,16%), no entanto, 13,35% dos pacientes só foram atendidos com 12 a 24 horas. O período pluviométrico elevado encontrado nos meses onde ocorreu aumento dos registros dos acidentes ofídicos auxilia no entendimento da ocorrência destes eventos. O perfil epidemiológico encontrado é fundamental para prevenção de novos casos bem como eficaz para o planejamento das ações em saúde. |