MOBIMORTALIDADE POR SÍFILIS CONGÊNITA NO ESTADO DE PERNAMBUCO: PANORAMA DOS ÚLTIMOS 10 ANOS |
A sífilis é uma doença milenar que se mantém prevalente mesmo com eficácia da penicilina no tratamento e cura. Na gestante, a sífilis pode provocar a sífilis congênita (SC), que é responsável por altas taxas de morbimortalidade para o concepto. O presente estudo analisa os casos notificados de sífilis congênita e os desfechos para o feto e o recém-nascido no estado de Pernambuco por meio de um estudo transversal, descritivo e com dados secundários provenientes do banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Foram analisadas as seguintes variáveis: ano do diagnóstico, faixa etária, raça e sexo da criança, faixa etária e escolaridade da mãe, evolução da doença e momento do diagnóstico da sífilis materna e realização de pré-natal. Foram excluídas as opções “branco” ou “ignorado” de cada variável, reduzindo a amostra de 10.457 para 5.266 casos. A capital pernambucana concentrou 36,84% dos 5.266 casos notificados de SC no estado de Pernambuco nos últimos 10 anos, sendo o município com maior quantidade de casos notificados da doença nesse estado, em seguida vem os municípios de Olinda e Jaboatão dos Guararapes com, respectivamente, 10,39% e 9,09%. Os grupos mais acometidos pela SC foram de filhos de mulheres com nível de escolaridade da 5ª a 8ª série incompleta do ensino fundamental (39,92%) e 1ª a 4ª série incompleta do ensino fundamental (16,14%). Já os grupos com menor quantidade de casos foram de filhos de mulheres com ensino superior completo (0,53%) e incompleto (0,70%). Aproximadamente 87,77% das mulheres que tiveram filhos com SC fizeram acompanhamento pré-natal. Esse grupo teve uma mortalidade menor quando comparado ao grupo de filhos de mulheres que não tiveram o acompanhamento pré-natal, com respectivamente, 1,38% e 3,41%. A mortalidade também foi maior nos filhos das mulheres que não tiveram o diagnóstico de sífilis gestacional (4,54%) e que tiveram o diagnóstico no momento do parto e curetagem (2,4%) e menor na sífilis gestacional diagnosticada durante o pré-natal (0,9%). Quando comparados os anos de 2008 e 2017 percebe-se um aumento de 423,59% da quantidade de notificações de SC no estado de Pernambuco. Pode-se concluir que a SC acarreta um crítico problema de saúde pública, pelas suas graves consequências e elevada morbimortalidade. Logo, é essencial uma melhor assistência à saúde das gestantes e RN, principalmente no diagnóstico precoce e no acompanhamento para garantir um tratamento efetivo das gestantes. |