Genes de resistência à polimixina em Enterobacter spp.: a era das infecções intratáveis |
A polimixina B polimixina E são antigos antimicrobianos que entraram em desuso especialmente devido à sua toxicidade para os rins e sistema nervoso central. Seu uso tem sido retomado nos últimos anos como última opção terapêutica para infecções por bactérias Gram-negativas multidroga resistentes (MDR). Entretanto, com a reutilização desses antimicrobianos, têm sido recentemente detectados isolados Gram-negativos resistentes à polimixina em todo o mundo, inclusive no Brasil. Dentre esses isolados, têm-se Enterobacter aerogenes e Enterobacter cloacae. Portanto, esse trabalho tem como objetivo avaliar a presença de genes relacionados à resistência à polimixina em isolados de E. aerogenes e E. cloacae coletados em um hospital público de Recife, no período de novembro de 2011 a agosto de 2012. Dois isolados de E. aerogenes (um proveniente de colonização e o outro proveniente de infecção) e dois E. cloacae (oriundos de infecção ocular e bacteremia) foram submetidos a sequenciamento genômico. Com o auxílio de diversas ferramentas de análise “in silico” foram identificados os genes de resistência à polimixina: pmr e arn no DNA cromossomal das amostras (esses genes não foram detectados em DNA plasmidial). Ambos isolados de E. aerogenes apresentaram 3 cópias do gene pmr e 2 cópias do gene anr. O mesmo foi observado para o isolado de E. cloacae proveniente de hemocultura. O isolado proveniente de secreção ocular apresentou 4 cópias de pmr e apenas uma cópia de arn . Sabe-se que cópias adicionais do gene podem afetar o seu nível de expressão, então a detecção de cópias extras do gene anr pode resultar na expressão aumentada desses genes nos isolados de E. aerogenes e em E. cloacae (bacteremia) quando comparada ao isolado de E. cloacae (secreção ocular). O inverso foi observado para o gene pmr . Os resultados apresentados são preocupantes, pois as opções de antimicrobianos disponíveis para o tratamento destas infecções estão cada vez mais reduzidas. São de extrema relevância o uso inteligente de antimicrobianos e medidas que visem diminuir a disseminação desses isolados MDRs, portadores de diferentes genes de resistência. |