PERFIL DOS CASOS DE TUBERCULOSE NO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DE UM MUNICÍPIO DA AMAZÔNIA OCIDENTAL |
A tuberculose (TB) continua sendo uma constante e grave problema de saúde pública mundial, além de ser considerada altamente endêmica nos ambientes prisionais, o que sugere uma atenção especial no que se refere às populações privadas de liberdade (PPL), considerada um dos grupos mais suscetíveis a desenvolverem o agravo comparado à população geral, atrás somente das pessoas em situação de rua. Neste sentido, este estudo buscou analisar o perfil dos casos de TB no complexo penitenciário do município de Porto Velho – RO, no período de 2012 a 2016. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, do tipo transversal e abordagem quantitativa, a partir do levantamento das variáveis sociodemográficas (sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade, doenças e agravos associados) e clínicas (ano da notificação, tipo de caso, forma clínica e exames diagnósticos (raio-X, baciloscopia de escarro, anti HIV, cultura de escarro, teste rápido molecular para a TB (TRM-TB) e teste de sensibilidade)) no Sistema de Notificação de Agravos Nacional (SINAN), de toda a PPL notificada no sistema prisional e/ou em outras unidades de saúde do município. Os dados foram analisados por distribuição de frequência e, para análise da associação entre o local de notificação da PPL com TB e as demais variáveis do estudo, foi realizado o teste Qui-quadrado, teste exato de Fisher e análise de resíduos, após atendidos os preceitos éticos. Durante o período previamente selecionado, foram notificados 443 casos de TB entre a PPL no estado, dos quais 256 notificados no complexo penitenciário e 100 casos nas outras unidades de saúde do município, tais como APS ou serviços de referência. Verificou-se que houve associação entre a notificação em outros serviços com o sexo feminino, aids, alcoolismo, uso de drogas ilícitas, forma clínica extrapulmonar, pulmonar mais extrapulmonar, raio-X suspeito, baciloscopia de escarro negativa para diagnóstico, HIV positivo e cultura de escarro não realizada/em andamento. A notificação da PPL com TB no complexo penitenciário apresentou associação positiva com a não realização de raio-X. Tais resultados refletem a necessidade de articulação e atendimento na rede de suporte devido à gravidade dos sinais e sintomas, principalmente para aqueles que possuíam a coinfecção TB/HIV, aids, alcoolismo e faziam uso de drogas ilícitas, bem como de um fortalecimento dos serviços de apoio e diagnóstico para a TB, para que desta forma, as ações de controle da doença sejam otimizadas. |