ANÁLISE DA COINFECÇÃO TB/HIV ENTRE A POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE DE UM MUNICÍPIO DA REGIÃO NORTE |
A tuberculose (TB), como primeira causa de óbito por doenças infectocontagiosas do mundo, quando associada ao vírus da imunodeficiência humana (HIV), foi responsável, em 2015, por 1,2 milhão de adoecimentos e 0,4% de óbitos pela coinfecção TB/HIV, o que entre a população privada de liberdade (PPL), torna-se fator associado a complicações durante o tratamento e desfechos desfavoráveis. Neste sentido, este estudo buscou analisar a situação da coinfecção TB/HIV entre a PPL do município de Porto Velho – RO, no período de 2012 a 2016. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, do tipo transversal e abordagem quantitativa. Os dados foram coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), por meio de um levantamento das variáveis sociodemográficas (sexo, cor/raça, idade, escolaridade e doenças e agravos associados (aids)), clínicas (terapia antirretroviral (TARV)) e do tratamento (regime de tratamento do TDO e encerramento dos casos) da PPL portadora de TB. Como critérios de inclusão, utilizou-se toda a PPL coinfectada com TB/HIV do município. E, como exclusão, aqueles cujos desfechos do tratamento estavam em branco. Os dados foram analisados por distribuição de frequência, após atendidos os preceitos éticos. Durante o período previamente selecionado, foram notificados 443 casos de TB entre a PPL no estado, dos quais 356 (80,4%) pertenceram ao município, e destes 23 (6,5%) eram coinfectados TB/HIV. A maioria eram do sexo masculino (95,6%), cor/raça parda (86,9%), com uma média de idade de 29 anos (dp= ±6,8), sendo o mínimo de 19 anos e o máximo de 44 anos, de 5 a 8 anos de estudo (43,5%) e com o agravo aids (91,3%). Apenas de 3 (13,0%) coinfectados TB/HIV haviam registro sobre o uso da TARV. Além disso, verificou-se um elevado percentual de não realização do TDO (69,6%) e, quanto ao desfecho dos casos, observou-se um baixo percentual para a cura (26,1%), e significante para o abandono (39,1%) e transferência (21,7%). Diante disso, questiona-se como vem sendo realizado o tratamento com a associação das drogas antituberculínicas e TARV, bem como o acompanhamento dos casos, principalmente pelo TDO. Estas fragilidades refletem nos insucessos dos desfechos, tais como o abandono, que contribui para a propagação da doença, agravamento dos sinais e sintomas, possibilidade de resistência aos medicamentos para a TB e desconhecimento da real magnitude da coinfecção TB/HIV entre a PPL nos ambientes prisionais. |